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É seguro viajar para a Colômbia? Entenda as mudanças que o país vive

Na última década, a Colômbia viu o turismo crescer consideravelmente em seu território. O país está se transformando em um dos preferidos dos brasileiros, principalmente, devido a alta do dólar. Mas, mesmo com o aumento considerável do turismo no país na última década, muita gente se pergunta “é seguro viajar para a Colômbia?” Viajei recentemente para lá, fiquei 25 dias no país e passei por 11 cidades. Contarei a vocês como é a questão da segurança na pátria de Shakira, Gabriel Garcia Marques e Pablo Escobar.

A preocupação com o perigo é devido a Colômbia possuir um recente histórico de guerra civil, violência urbana e tráfico de drogas. Há duas décadas era impensável ver o grande números de turistas no país. As FARC dominavam 30% do território, outra parte do país era dominada pelos paramilitares e as grandes cidades eram redutos dos cartéis de drogas. Toda essa combinação de fatores fazia com que as guerrilhas, os paramilitares e o exército se enfrentassem no interior do país, gerando muitos combates e vítimas. Nas grandes cidades, o tráfico de drogas fazia aumentar a já grande violência urbana, assassinato policiais e bombas na capital para pressionar o governo. Algumas dessas cenas de violência foram reproduzidas na série Narcos da Netflix, em que Wagner Moura interpreta o traficante Pablo Escobar.

Entretanto, da década de 1990 até hoje muita coisa mudou. E para melhor!

4 maiores fatores de instabilidade

A Colômbia já conseguiu resolver grande parte de seus problemas relacionados a violência. Veja a seguir os três principais fatores como estão hoje.

FARC

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC, era um grupo de guerrilha que tentava implantar o socialismo na Colômbia e já chegou a dominar 30% do país, tendo mais de 30 mil combatentes. Entre os crimes mais comuns estava o sequestro de membros do exército e políticos; algumas pessoas chegaram a ficar em domínio da guerrilha por mais de dez anos. Nas últimas duas décadas as FARC enfraqueceram, diminuindo o número de combatentes e também os territórios sobre sua influência, mesmo assim mantendo um grande poder de fogo.

Para colocar fim a um conflito de cinco décadas, houve uma negociação de paz entre o governo e a guerrilha iniciada em 2012. Para ser validado era preciso ser aprovado pela população por um referendo, que aconteceu em 2016 e acabou sendo rejeitado por uma diferença mínima de votos, 50,2% do eleitorado. Para não deixar as negociações de paz morrerem, o próprio congresso colombiano fez algumas alterações e aprovou o acordo de paz.

Dentro do acordo, as FARC abandonaram a luta armada, entregaram todas as armas, seus membros foram anistiados de crimes políticos e o grupo virou um partido político, tendo direito a cinco deputados e cinco senadores no atual e no próximo ciclo legislativo. A entrega das armas demorou para acontecer devido a questões de logística, mas terminou em junho de 2017. Seus membros abandonaram a luta armada e o grupo mudou o nome passando a chamar Força Alternativa Revolucionária da Colômbia, mantendo a sigla FARC, iniciando um novo período de sua história, agora como partido político. Os principais lideres e a grande maioria dos oito mil guerrilheiros se inseriu na vida republicana e democrática do país. Alguns poucos membros se recusaram a entregar as armas, se aliaram a traficantes de drogas e continuam escondidos na selva.

Foto: phoenixdiaz
Foto: phoenixdiaz (CC BY-NC-ND 2.0)

ELN

O Exército de Libertação Nacional, ELN, é atualmente a úncia guerrilha ativa na Colômbia. A guerrilha de orientação marxista sempre foi muito menor do que as Farc contando com apenas alguns milhares de combatentes. A guerrilha se concentra em algumas regiões rurais no extremo leste, oeste e central do país pouco povoadas. O ex-presidente Juan Manuel Santos após fazer o acordo de paz com as FARC vinha conversando com a ELN para conseguir o que ele chamada de “paz completa”. Entretanto seu sucessor e atual presidente, Iván Duque é contra um acordo de paz e quer ganhar da guerrilha na força.

A guerrilha é responsável por alguns assassinatos e sequestros, porém seu maior poder de ação é sabotar algumas linhas de transmissão de energia e oleodutos. Entretanto, um carro bomba que explodiu dentro de um quartel militar em 2018 e matou 20 pessoas é atribuído à guerrilha. Entretanto, a guerrilha não tem o histórico de atacar civis.

Bandeira da ELN – Foto: Julián Ortega Martínez (CC BY-SA 2.0)

Paramilitares

Os Paramilitares eram grupos armados de extrema-direita criados para combater as guerrilhas de esquerda. Chegaram a criar uma entidade nacional chamada de Autodefesa Unida da Colômbia, AUC. Possuem fama de serem mais violentos que o exército e as FARC. Segundo a ONU, 80% dos assassinatos causadas pela guerra civil colombiana são de responsabilidade dos paramilitares. O movimento que se dizia de autodefesa, passou a ter um grande envolvimento com o tráfico de drogas e foi combatido pelo governo, até que teve seus principais líderes presos nas décadas de 1990 e 2000, alguns ainda foram extraditados para os EUA. Segundo a National Geographic, a organização acabou, mas alguns grupos se reagruparam para cometer crimes comuns.

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Foto: haroldb 2026 (CC BY 2.0)

Tráfico de Drogas

Os cartéis de drogas de Medellín e Cali já tiveram poder e influência em todo o país. Haja visto o traficante mais famoso, Pablo Escobar, que possuía uma rede de influência muito grande, além de uma grande fortuna que o fez oferecer para pagar a dívida externa da Colômbia em troca de não ser perseguido pelo governo. Pablo Escobar morreu em 1993 e desde então os cartéis de Medellín perderam muito poder. E em seguida o Cartel de Cali. História essa retratada pela séria Narcos da Netflix.

Os cartéis continuam existindo hoje em dia, porém cenas como assassinatos em série de policiais e bombas explodindo pela capital Bogotá já não existem mais!

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A morte de Pablo Escobar, representada por Fernando Botero – Foto: Alan (CC BY-NC-ND 2.0)

Cenário Atual

A estabilidade que a Colômbia conquistou nos últimos anos refletiu no aumento do turismo. Em 2003, o país recebeu 500 mil turistas estrangeiros. Já em 2014, foram 4,2 milhões de turistas estrangeiros, segundo o Ministério do Turismo. Um aumento de mais de 1000%. Mesmo assim, o país já utilizou slogans como “Colômbia: o perigo é você querer ficar!” nas publicidades de turismo, para os viajantes mais preocupados.

Propaganda turística da Colômbia
Propaganda turística da Colômbia

Atualmente, o único “perigo” que a Colômbia enfrenta é a violência urbana; algo que não é exclusivo de lá, mas está presente na maior parte da América Latina. Furtos e roubos são coisas que podem acontecer em qualquer lugar, inclusive no Brasil. As grandes cidades são as mais violentas, mas nos locais turísticos, há grande presença de policiais. Não presenciei, nem fiquei sabendo de nenhum caso de roubo de turista, mas sempre é bom ter precaução, como em qualquer viagem. Já as cidades pequenas são paraísos de tranquilidade.

O único fato que me causou um certo medo foi uma pessoa na rodoviária, que me disse que as viagens noturnas eram feitas em comboios, para os ônibus não serem assaltados. Mas, como disse um colombiano que conheci no Peru e ao ser perguntado “se a Colômbia era perigosa” ele simplesmente respondeu “estamos vivendo nosso melhor momento!”

Artista de rua em Cartagena
Artista de rua em Cartagena

Seguro Viagem

Apesar da Colômbia não ser um destino muito perigoso, sempre recomendamos viajar com seguro viagem! Nunca sabemos quando vamos precisar de um atendimento hospitalar. Não estou falando de bala perdida, mas de situações mais corriqueiras como intoxicação alimentar e desidratação.

Atendimentos médicos na Colômbia são caros, por isso uma simples consulta e um soro com medicação na veia sairá mais caro do que um seguro viagem. Faça uma cotação de seguro viagem para a Colômbia. Para saber mais leia: Seguro viagem: como pesquisar e onde comprar.

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Foto de capa da Praça Bolivar em Bogotá
Felipe Zig
Felipe Zighttps://www.abraceomundo.com/
Felipe Zig é jornalista, fotógrafo e apaixonado por viajar. Depois de conhecer mais de 20 países, decidiu criar o blog “Abrace o Mundo” para dar dicas de viagens e incentivar outras pessoas a viajar.

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