InícioBrasilMinas GeraisEstrada Real: guia completo pelos 4 caminhos do Brasil colonial

Estrada Real: guia completo pelos 4 caminhos do Brasil colonial

A Estrada Real foi transformada em rota turística oficial em 2001, mas tem caminhos que datam do século 17. Considerada o maior percurso do gênero no país, suas estradas passam por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo totalizando 1630 km.

A história da Estrada Real surge quando a Coroa Portuguesa decide oficializar os caminhos para o trânsito do ouro e diamantes de Minas aos portos fluminenses. Se antes, eram circuitos que serviam para a exploração mineral no país, hoje, se tornou um mergulho no nosso passado com uma natureza exuberante e construções históricas.

Como curiosidade, é importante frisar que a ideia de criar um caminho oficial estava alinhada à cobrança de impostos sobre mercadorias transportadas. Por isso, quem decidisse abrir outro caminho, teria problemas com a justiça. O termo “descaminho” surge nessa época, devido às tentativas dos discordantes de burlar o fisco.

Neste artigo, abordaremos as principais cidades da rota, além de dar dicas essenciais para quem pretende conhecer a Estrada Real. Vem conosco!

Para deixar a viagem mais divertida, é importante acessar o site oficial e preencher o formulário disponível. Dessa forma, basta levar 1 kg de alimento a um dos 6 postos de apoio e retirar o seu passaporte. Assim, você pode ir carimbando as cidades visitadas e ainda pegar um certificado no final do passeio.

4 caminhos e vários destinos: a Estrada Real em direções opostas

A Estrada Real surgiu para refazer os caminhos coloniais. Em outras palavras, sua intenção é preservar o patrimônio e a cultura das cidades em seu percurso. Além disso, há uma grande iniciativa em revitalizar os pequenos vilarejos pelas regiões que estão no roteiro.

Estrada Real, quatro caminhos pela história do período colonial do Brasil
Estrada Real – Foto: Fernando Souza – Flickr (CC BY 2.0)

A rota turística formada por 4 caminhos, todos permitem o turismo, seja de carro, moto, bicicleta ou a pé. São eles: Caminho Velho, Caminho Novo, Caminho dos Diamantes e Caminho Sabarabuçu.

Caminho Velho da Estrada Real: a primeira rota do ouro

A primeira e mais conhecida rota levava as pedras preciosas até o porto. Com 710 km de extensão, o roteiro começa em Ouro Preto e vai até Paraty. Em seu caminho, cidades como Congonhas, Tiradentes, São João del-Rei, São Lourenço e Caxambu fazem parte da rota.

A média para percorrê-lo é de pelo menos 8 dias de carro ou moto, 15 de bicicleta ou, ainda, 48 dias a pé. Para baixar os mapas de todos os trechos deste trajeto, clique aqui.

Caminho Novo: a alternativa mais segura

Este trecho foi definido entre 1722 e 1725, sendo o mais novo dos quatro. O Caminho Novo surgiu para garantir mais segurança no escoamento das mercadorias, já que o Caminho Velho passou a estar mais sujeito a assaltos e roubos. Com cerca de 515 km, também parte de Ouro Preto, mas com destino a Petrópolis.

Estão no trajeto Lavras Novas, Juiz de Fora, Barbacena e Paraíba do Sul. O maior trecho entre as cidades de Ewbank da Câmara em destino a Juiz de Fora, com 59 km. De carro, o trecho pode ser percorrido em cerca de 6 dias. Faça o download dos mapas que compõem os trechos deste trajeto, para isso, clique aqui.

Caminho dos Diamantes: paisagens deslumbrantes

Neste percurso, a intenção era apenas ligar Diamantina a Ouro Preto, uma vez que a primeira havia se tornado a maior fornecedora de diamantes para a Coroa. São 395 km de paisagens de tirar o fôlego, dentre elas o Parque Nacional da Serra do Cipó e a Cachoeira do Tabuleiro.

Ao total, são 19 cidades, entre as mais conhecidas estão Mariana, Catas Altas, Barão de Cocais e Serro. De carro, o tempo recomendado é de 6 dias. Todos os trechos deste trajeto podem ser baixados aqui.

Caminho do Sabarabuçu: estradas de terra e montanhas

O percurso de pouco mais de 160 km passa por Cocais, Caeté, Sabará, Nova Lima e Glaura. Além disso, tem mais de 75% do caminho em estrada de terra. Contudo, reserva atrativos como o Museu do Ouro e a Serra da Piedade.

É o trecho mais curto da Estrada Real, com previsão de 2 dias de carro, porém apresenta paisagens belíssimas. Veja todos os itinerários, aqui.

Agora que você já conhece os 4 caminhos, confira nossas dicas do que conhecer em cada um deles e como percorrê-los.

Como percorrer a Estrada Real pelo Caminho Velho?

Primeiramente, é interessante saber que os marcos espalhados por toda a Estrada Real não são apenas decorativos. Em geral, eles estão fixos em bifurcações e orientam o turista. Sua posição está sempre do lado que precisa virar para continuar o percurso.

Dito isto, é preciso entender que o tempo sugerido de 8 dias de carro, é partindo de Ouro Preto e permanecendo apenas um dia nas cidades escolhidas. Por isso, se você pretende conhecer melhor alguns dos pontos turísticos, pode aumentar o prazo conforme as escolhas.

Também é preciso considerar que algumas cidades como Mariana, mesmo fazendo parte de outro caminho, está próxima a Ouro Preto, o que pode facilitar a visita a mais lugares.

O Caminho Velho é o roteiro que oferece a maior variedade cultural, gastronômica e patrimonial de Minas Gerais. Para quem pretende iniciar por Ouro Preto, os aeroportos mais próximos são os de Belo Horizonte e Confins. Isso porque ficam cerca de 2h30 da cidade histórica.

Ouro Preto: Primeiro patrimônio brasileiro da Humanidade

Ouro Preto Estrada Real
Vista da cidade de Ouro Preto – Foto: Mario Duran-Ortiz – Flickr – (CC BY-SA 2.0)

Ouro Preto é uma cidade singular e um excelente lugar para o início do passeio. Em outras palavras, a antiga Vila Rica tem um dos conjuntos barrocos mais ricos do país.

Com diversas opções de hospedagem, gastronomia e com museus entre os mais visitados do país, é impossível ficar um único dia na cidade. Abaixo, confira nossos outros artigos sobre Ouro Preto e dedique um tempo maior na principal cidade colonial de Minas Gerais.

Saindo de Ouro Preto, em sentido à BR-040, você passará pela MG-443. O trecho, extremamente sinuoso, possui uma linda vista da serra e do Pico do Itacolomy.

Fique atento aos trechos originais da Estrada Real, que, em alguns lugares da via, estão ao lado do caminho asfaltado. Além disso, ele preserva pontes e construções de mais de 300 anos. Com um pequeno desvio de cerca de 20 km, você chega ao próximo destino, Congonhas.

Congonhas: a cidade dos profetas de Aleijadinho

Profetas em Congonhas Estrada Real
Vista do pôr do Sol em Congonhas – Estrada Real – Foto: Glauco Umbelino – Flickr – (CC BY 2.0)

Uma das cidades da Estrada Real que podem ser conhecidas em um dia é Congonhas. Mesmo com a importância de algumas de suas construções coloniais, seu maior encanto está concentrado em um jardim, na parte alta da cidade.

Apesar de as atrações turísticas serem em menor quantidade, é importante deixar evidenciar que não se trata de um simples passeio. Isso porque o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos é o maior conjunto arquitetônico do barroco nas Américas. Além da Matriz, há um adro com 12 profetas esculpidos por Aleijadinho e seis capelas anexas.

Para saber tudo sobre a cidade, confira o texto que fizemos sobre Congonhas e suas atrações turísticas.

Após a parada em Congonhas, é hora de dois municípios com delícias gastronômicas.

Entre Rios de Minas e Lagoa Dourada: pratos típicos locais

Entre Rios de Minas Estrada Real
Entre uma degustação e outra, conheça a Igreja Matriz Nossa Senhora das Brotas em Entre Rios de Minas – Foto: Rmilitao – Wikipedia (CC BY-SA 3.0)

Todo turismo precisa de uma pausa para degustar as comidas do lugar, não é mesmo? E quando falamos de Minas Gerais, esta sensação se torna excepcional.

Logo, a próxima parada na Estrada Real, em direção à BR-383, é no município de Entre Rios de Minas. Segundo a tradição da cidade, encontra-se ali o melhor pão de queijo com linguiça do país. A iguaria é facilmente achada nos restaurantes e padarias da simpática cidade.

Mais à frente, a 30 km de Entre Rios de Minas, você chegará em Lagoa Dourada. Com opções para comer no local ou embalar para viagem, é a vez de experimentar o tradicional rocambole de doce de leite.

O município ficou famoso por ser considerado onde se encontra o legítimo rocambole. A receita tem mais de 100 anos e hoje conta com cerca de 30 sabores de recheios diferentes, como nozes, goiabada e chocolate.

Resende Costa e Coronel Xavier Chaves: Tecelagem e alambiques

Mais adiante, em uma breve saída da BR-383, está localizado Resende Costa. No período colonial, o povoado era considerado parada obrigatória de tropeiros e, há três séculos, mantém a tradição do tear.

A cidade é conhecida pela produção artesanal de tapetes, colchas e cortinas. Uma marca do lugar são as decorações coloridas nas janelas.

A região também tem o alambique em atividade mais antigo do país. Situado no município vizinho de Coronel Xavier Chaves, o Engenho Boa Vista apresenta aos visitantes degustação e o processo de fabricação. Por isso, a fama perpassa desde o século 17.

Além disso, é possível uma hospedagem com pensão completa no município de Resende Costa, no Hotel Fazenda Rochedo. Você pode conferir mais clicando aqui.

Bichinho: um polo artesanal no coração da Estrada Real

Artesanato em Bichinho Estrada Real
Artesanato em Bichinho, destino turístico da Estrada Real

O distrito de Prado chamado de Vitoriano Veloso é popularmente conhecido por Bichinho. No entanto, de diminutivo mesmo, apenas o nome, já que o local é um dos maiores polos artesanais do Brasil, tendo fama até em outros países.

Recheada de ateliês, oficinas de artesanato e um ecoturismo forte, Bichinho é um dos momentos mais aconchegantes do passeio pela Estrada Real.

Para conhecer tudo sobre o lugar, temos um artigo exclusivo do que fazer em Bichinho.

Tiradentes e São João del-Rei: atmosfera acolhedora e casario preservado

Rua Direita Tiradentes
Arquitetura impressionante de Tiradentes – Casa nº7 – Foto: Paulo Castagna – Wikipedia – (CC BY-SA 4.0)

Cerca de 7 km de Bichinho, o próximo destino é Tiradentes. Assim como Ouro Preto, é uma cidade famosa por sua preservação e arquitetura. Contudo, Tiradentes se destaca ainda por dois eventos tradicionais: de gastronomia e cinema.

Também é o tipo de destino que vale a pena dedicar pelo menos 2 dias, principalmente aos amantes de ecoturismo e história. Bem ao lado, aproximadamente 15 km de distância, está São João del-Rei.

A cidade pode ser conhecida por meio do famoso passeio de Maria Fumaça que encanta todos. Em São João del-Rei, há belos cenários que remetem ao interior de Portugal. Mesmo com os atrativos ofuscados pela proximidade com Tiradentes, há igrejas e construções que merecem atenção dos visitantes.

O Abrace o Mundo possui uma série de textos sobre as duas cidades:

Deste ponto do passeio, você pode seguir duas rotas distintas: ir em direção ao sul de Minas e conhecer o Circuito das Águas, ou ir para o interior do estado de São Paulo.

No primeiro caso, você passará por cidades como São Lourenço, Caxambu, Baependi e Cambuquira. Pelo fato da região ter algumas das maiores estâncias hidrominerais do mundo, a dica é dedicar um passeio exclusivo para o local.

Se você deseja saber mais sobre o Circuito das Águas, leia nossos artigos dedicados a ele.

Optando pelo segundo caminho, o próximo destino que se torna parada obrigatória é Cunha.

Cunha: A Estrada Real no interior de São Paulo

parque Nacional da Serra da Bocaina
O Parque Nacional da Serra da Bocaina está localizado entre diferentes cidades, como Parati (RJ) e Cunha (SP), as quais pertencem à Estrada Real – Foto: @raphaelcoelhophoto – Wikipedia – (CC BY-SA 4.0)

Distante 230 km da capital paulista e 350 km de Tiradentes, Cunha é famosa pelo turismo rural. Em outras palavras, sai um pouco a história brasileira e entra em campo várias cachoeiras, trilhas e passeios ecológicos.

A cidade está situada entre as Serras de Bocaina, Mantiqueira e do Mar e tem destaque nacional pelos campos de lavandas. Na estrada que liga Cunha a Paraty, é importante ficar atento a três trechos distintos, já que o primeiro são 30 km pavimentados e no último, com cerca de 10 km, o asfalto é bem prejudicado.

Porém, no trecho intermediário, é possível cortar o Parque Nacional da Serra da Bocaina, com calçamentos em paralelepípedos e uma vista deslumbrante da Mata Atlântica.

Paraty: Cultura e natureza no último trecho da Estrada Real

Paraty último trecho da Estrada Real
Paraty, última parada da Estrada Real, localizado no estado do Rio de Janeiro – Foto: Daniel Cukier – Flickr (CC BY-ND 2.0)

Para finalizar o trecho do Caminho Velho da Estrada Real, o destino final é Paraty, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. A cidade, muito além do seu centro histórico, reserva aos viajantes atrações paradisíacas, por exemplo, a Praia do Sono e a Cachoeira do Tobogã, além de ter uma movimentada vida noturna.

Repleta de casarões coloniais, ateliês de artes e igrejas centenárias, Paraty conta com a principal festa literária do país – a Flip – e com as tradicionais cachaças de canela e cravo.

Como percorrer a Estrada Real pelo Caminho Novo?

O trecho do Caminho Novo, ainda que menos impactante que o Caminho Velho, também reserva boas surpresas aos viajantes.

Por ser possível incluir Petrópolis como o destino inicial, o percurso pode ser acessado através dos aeroportos do Rio de Janeiro. A capital fluminense fica a cerca de 1h de carro do lugar.

Ideal para quem deseja conhecer túneis, chafarizes e fazendas seculares, o Caminho Novo perpassa em seus 515 km um misto de beleza e história.

Petrópolis: A cidade imperial da Coroa Portuguesa no Brasil

Com a chegada de Dom Pedro I, em 1822, Petrópolis começaria a se destacar e ficar conhecida como cidade imperial. Marco zero do Caminho Novo, o lugar tem monumentos e construções que remetem ao período colonial do Brasil, principalmente à Coroa Portuguesa.

Entre seus principais pontos turísticos, estão o Museu Imperial – que foi residência da família de Dom Pedro por anos –, a Catedral neogótica Pedro de Alcântara e a Casa de Santos Dumont, o pai da aviação.

Museu Imperial em Petrópolis
Visite o Museu Imperial e conheça um pouco da história do país – Foto: Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania do Brasil – Flickr (CC BY-SA 2.0)

Na principal avenida, a Koeler, é possível ver placas contando sobre os casarões importantes da cidade. Além disso, há o principal museu da Força Expedicionária Brasileira, explicando a participação de petropolitanos na Segunda Guerra Mundial.

E se você é amante do ecoturismo, Petrópolis ainda dá acesso ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com o famoso Dedo de Deus.

Dois a três dias na cidade são suficientes para conhecer os principais pontos turísticos. A próxima parada, localizada a cerca de 1h30, é em Paraíba do Sul.

Paraíba do Sul e Santos Dumont: da inconfidência à aviação

Museu Casa de Santos Dumont Estrada Real
Conheça o Museu Casa de Santos Dumont e saiba mais sobre a história do aviador – Foto: Joalpe – Wikipedia (CC BY-SA 4.0)

Distantes 123 km uma da outra, Paraíba do Sul e Santos Dumont reservam atrações simples, mas que merecem dedicação dos turistas.

A cidade fluminense Paraíba do Sul conta com um pequeno museu de objetos que pertenceram a Tiradentes.

No pequeno município mineiro, a história da aviação é recontada a partir de seu nome mais importante: Alberto Santos Dumont. No Museu Casa Natal de Santos Dumont, conhecido também como Museu Cabangu, estão itens e mobiliário que pertenceram ao aviador.

Vale destacar que, no Museu Sacro-Histórico de Tiradentes, em Paraíba do Sul, você pode carimbar seu passaporte da Estrada Real. Já em Santos Dumont, basta procurar a Banca do Zezé, no centro da cidade.

Após estas duas paradas, o destino seguinte guarda um complexo histórico.

Barbacena: a loucura como mancha no passado brasileiro

Praça dos Andrada em Barbacena
A Praça dos Andradas, no centro de Barbacena, é um ponto ideal para conversar e passear com amigos e familiares – Foto: João – Wikipedia (CC BY-SA 3.0)

O que leva alguém a visitar um local onde estima-se que morreram mais de 60 mil pessoas? Ainda que pareça um tanto mórbido, o Museu da Loucura em Barbacena é um retrato fiel da existência dos hospícios no Brasil.

Na época, com o nome de Hospital Colônia, o lugar foi referência em tratamento psiquiátrico. Com capacidade para 200 pessoas, chegou a abrigar mais de 5 mil. Aos que possuem interesse em conhecer parte de nosso passado mais sombrio, o local é bem didático.

Com roupas, depoimentos, objetos e exposições, o Museu da Loucura remonta uma época da medicina brasileira em que banhos gelados, lobotomia e eletrochoques eram comuns aos pacientes com problemas mentais.

Contudo, estas ações não se restringiam apenas aos pacientes do hospital. Estudos apontam que os sujeitos excluídos e marginalizados naquela época, como mendigos, mães solteiras, travestis, também eram mandados para lá.

Apesar de um ambiente mórbido e pesado, é uma grande aula para conhecer o passado e não se repetir no presente.

Após os horrores marcados na história em Barbacena, a parada seguinte é em um vilarejo com vida própria.

Lavras Novas: o distrito mais famoso de Ouro Preto

Casas coloridas em Lavras Novas
As encantadoras casas coloridas de Lavras Novas, trecho vislumbrante da Estrada Real – Foto: Josue Marinho – Wikipedia (CC BY 3.0)

Antigamente, Lavras Novas surgiu como quilombo. Nos dias de hoje, tem uma diversidade turística tão grande que muitos não associam a Ouro Preto, cidade da qual faz parte. Em outras palavras, o povoado tem vida própria e atrações que não precisam ser divididas com uma visita à cidade sede.

Em Lavras Novas, é possível contemplar as montanhas, fazer o passeio de buggy e conhecer um povoado acolhedor. Isso porque as casinhas, todas pintadas com cores diversas, e as lixeiras em formato de vaquinhas são um charme à parte. A programação noturna é cultural e ligada à boa comida mineira e música.

Ao longo do ano, há festas temáticas e os festivais de cervejas artesanais com atrações nacionais, que têm crescidos recentemente. Vale salientar que os viajantes podem usar o aplicativo dedicado para promoções no distrito e conhecer as ofertas exclusivas.

Após um descanso merecido em Lavras Novas, o último destino do Caminho Novo é a famosa cidade de Ouro Preto, que já citamos.

Como percorrer a Estrada Real pelo Caminho dos Diamantes?

A atração principal do Caminho dos Diamantes é a cidade histórica de Diamantina. Ainda que guarde similaridades com Ouro Preto, Tiradentes e Congonhas, por exemplo, Diamantina está no outro extremo de Minas Gerais.

Localizada na região conhecida como Vale do Jequitinhonha, Diamantina é famosa por sua cultura e por ter abrigado personagens marcantes na história brasileira, como Chica da Silva. A cidade fica a 300 km da capital mineira, mas, para o Caminho dos Diamantes, a rota é outra.

Saindo de Ouro Preto, a primeira parada é na cidade vizinha de Mariana, a primeira capital de Minas Gerais.

Mariana: a primaz de Minas Gerais

Caminho dos Diamantes da Estrada Real - Ferrovia em Mariana
Estação ferroviária em Mariana no Caminho dos Diamantes da Estrada Real – Foto: Sylvio Bazote – Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)

Distante apenas 15 km de Ouro Preto, Mariana possui um acervo histórico menor do que sua vizinha, mas reserva um turismo extremamente rico. Graças a maior mina de ouro do mundo, desativada, para visitação, além das igrejas e casarios coloniais.

O passeio entre as duas cidades pode ser feito de maria fumaça. Um dia inteiro em Mariana é suficiente para conhecer suas principais atrações.

Dentro de uma de suas igrejas, há um tesouro único. Trata-se do órgão alemão Arp Schnitger, um dos 30 existentes no mundo, ainda em bom estado de conservação. Em outras palavras, você poderá ouvir um concerto em um instrumento secular, dentro de uma igreja histórica de Minas Gerais.

Os próximos destinos estão a cerca de uma hora dali.

Catas Altas e Barão de Cocais: aos pés do Santuário do Caraça

As duas cidades são pequenos vilarejos aos pés do Santuário do Caraça e têm o tradicional estilo colonial em seus casarios.

Santuário do Caraça em Catas Altas - Estrada Real
Santuário do Caraça é um dos principais pontos turísticos da região – Foto: Adriano Ferreira – Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)

Em Catas Altas, é possível conhecer o aqueduto Bicame de Pedra, construído por escravos para captar água até Brumado. Na época, o aqueduto facilitava a lavagem do ouro encontrado naquelas terras. Além disso, o povoado possui uma vinícola de jabuticaba, onde se produz o licor famoso na região.

Em Barão de Cocais, há a principal entrada para a Santuário do Caraça, onde o turista pode ver de perto os lobos-guarás. Inclusive, há hospedagem com pensão completa no local, que você pode conhecer neste link.

Importante citar que o trem Belo Horizonte – Vitória tem parada em Barão de Cocais. Por isso, muitos turistas costumam chegar à cidade por este meio de transporte.

Serro: um dos mais famosos queijos mineiros

Antigo moinho de milho na Cachoeira do Moinho
Antigo moinho de milho na Cachoeira do Moinho localizada no distrito de Milho Verde, em Serro, na Estrada Real – Foto: Arthur Marques Pereira – Wikipedia (CC BY 3.0)

Próximo à Serra do Espinhaço e cerca de 4h30 de Barão de Cocais, o próximo destino é a cidade de Serro, conhecida mundialmente pelo queijo que leva seu nome. A produção artesanal do Serro está inclusa como patrimônio imaterial de Minas Gerais representando uma das principais expressões culturais do estado.

A pequena cidade é formada por diversos casarões e igrejinhas, com destaque para a escadaria da Matriz de Santa Rita. Erguida no final do século 18, ela se destaca pela imponência de um estrutura secular, ao final de um jardim quase vertical.

Serro foi a primeira cidade brasileira que obteve o título de patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, em 1938.

Milho Verde: capelas, cachoeiras e bares na Estrada Real

Capela do Rosário em Milho Verde
Capela do Rosário em Milho Verde – Foto: Josue Marinho – Wikipedia (CC BY 3.0)

O hype do povoado de Milho Verde, distrito do Serro, surgiu nos anos 1980. Com cenário pitoresco, o lugar começou a atrair hippies e turistas em busca de sossego, trilhas e banhos de cachoeira.

Milho Verde encanta por manter tradições folclóricas e festas típicas, como o congado mineiro. Na culinária, é famosa pelas goiabadas e marmeladas feitas pelas cozinheiras do vilarejo.

Suas cachoeiras são de fácil acesso. No povoado, é muito fácil encontrar bares e eventos musicais. Segundo a lenda, Chica da Silva, nascida em Serro, teria sido batizada na Capela de Nossa Senhora do Rosário, no centro turístico de Milho Verde.

Após degustar os queijos tão famosos por seu sabor e história, seguimos para o Caminhos dos Diamantes, aproximadamente, 1h30 dali.

Diamantina: preservação no Vale do Jequitinhonha

Diamantina - Estrada Real
Vista da paisagem em Diamantina – Foto: Osni dos Passos Laia – Wikipedia (CC BY-SA 4.0)

A riqueza histórica do antigo arraial do Tijuco, como era chamada Diamantina, vislumbra seus visitantes com a arquitetura e atrações culturais.

Diamantina é conhecida pelos carnavais de rua e pelas vesperatas. Estas últimas são concertos que acontecem no centro histórico, com músicos tocando nas janelas dos casarões antigos.

Também merece destaque a história do século passado do lugar, de onde saiu o ex-presidente Juscelino Kubistchek. São dele e de Chica da Silva – a escrava que virou rainha – os dois museus mais visitados do lugar.

Como curiosidade, é possível observar os passadiços, antigas “galerias suspensas” que passavam por cima de ruas, ligando dois casarões.

Ainda em Diamantina, os amantes do ecoturismo podem visitar o Parque Estadual do Biribiri. Situado a 20 minutos do centro, o parque tem cachoeiras e uma vila colonial em meio às montanhas.

Como percorrer a Estrada Real pelo Caminho de Sabarabuçu?

O caminho de Sabarabuçu é o menor e menos famoso dentre os quatro da Estrada Real. Seu trajeto liga Cocais, distrito de Barão de Cocais, ao povoado de Glaura, pertencente a Ouro Preto.

Primeiramente, é importante entender que, mesmo sendo apenas 160 km, 75% do percurso é feito por estrada de terra. Ou seja, ele acaba sendo o preferido de quem prefere caminhar ou fazer trilhas de aventura.

Contudo, é possível percorrê-lo em seu entorno, por estradas de asfalto que levam aos mesmos destinos. O caminho surge no século 18, a partir da busca pelo ouro, que acaba encontrando o minério de ferro na Serra da Piedade. Margeando o Rio das Velhas, há aqueles que considera Sabarabuçu como uma extensão do Caminho Velho.

Cocais: nosso destino começa (ou termina) aqui

roteiro Estrada Real
Queda d’água na região – Estrada Real – Foto: wanderley santos vie… – Wikipedia (CC BY-SA 3.0)

Aos que chegam por Belo Horizonte, o acesso a Cocais se dá pela BR-040, num trajeto de 1h30. Outra opção disponível é por meio do trem BH-Vitória, já que o restante do trajeto não é facilitado para ser feito usando carro.

O principal ponto turístico de Cocais é o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, situado dentro de um sítio familiar local. Segundo estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o local possui pinturas rupestres com, pelo menos, 6 mil anos de idade.

Caeté e Sabará: destaques da Estrada Real na região metropolitana de Belo Horizonte

Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso em Caeté
Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso na cidade de Caeté – Estrada Real – Foto: Skirienko – Wikipedia – domínio público

As cidades de Caeté e Sabará ficam aproximadamente 1h da capital mineira, fazendo parte da Grande BH. O destaque em ambas vai para a imersão na história e paisagens do interior de Minas, mesmo tão próximas da metrópole.

Em Caeté, é possível conhecer o Santuário Serra da Piedade e conferir o mirante com vista para Lagoa Santa. Aliás, como o turismo religioso é forte no local, a Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso merece atenção. Por outro lado, a história do ciclo do ouro na cidade de Caeté está representada no Museu Regional.

Para aqueles que pretendem um passeio mais luxuoso, a cidade abriga o Tauá Resort, um dos melhores do gênero no estado.

Já em Sabará, é possível visitar atrações que remontam ao Brasil Imperial. A cidade inclusive possui igrejas, capelas e chafarizes com nomes e arquitetura semelhantes às de Ouro Preto.

Elevada à categoria de município em 1711, Sabará possuía, no século 18, a maior comarca de Minas Gerais, chegando até o Triângulo Mineiro. O nome da cidade vem do tupi e significa “grandes olhos brilhantes”. A homenagem veio por causa das pepitas de ouro encontradas na região, durante o período colonial.

Do trecho entre Sabará e Glaura, pode-se destacar o ecoturismo com cachoeiras e trilhas nos distritos de Honório Bicalho, Rio Acima e Acuruí.

Glaura: de volta a Ouro Preto com grande estilo

Estrada Real caminho novo
Muralha em Glaura – Foto: Glauco Umbelino – Wikipedia (CC BY 2.0)

E se você chegou ao final do nosso artigo, conseguiu perceber que, em todos os caminhos, ele termina (ou começa) por Ouro Preto. No Caminho Sabarabuçu da Estrada Real não foi diferente.

Ao invés da sede, o destino final deste trajeto é o distrito de Glaura. Conhecido por alguns como Casa Branca, o local foi palco de alguns confrontos na Guerra dos Emboabas.

Com seu sossego rural e uma igreja centenária, a Matriz de Santo Antônio, além de suas festas tradicionais ao longo do ano, Glaura encerra nosso artigo com a mais típica receptividade mineira.

Qual a melhor época para realizar os roteiros da Estrada Real?

O ideal para fazer os caminhos da Estrada Real é entre abril e setembro, quando chove menos. Primeiramente, por se levar em conta que quase todas as cidades possuem atrações próximas e de visitação à pé.

Contudo, é importante analisar que, pela abrangência de três estados, pode ocorrer variações climáticas significativas de um lugar para outro.

Leve em consideração também se pretende apenas conhecer as cidades ou participar de algum evento. Em Minas Gerais, os festivais de inverno nos meses de junho e julho são bastante populares. Também a Semana Santa costuma gerar um enorme fluxo de turistas em todas as cidades coloniais.

Outros destinos de Minas Gerais, além da Estrada Real

Se você ainda quer conhecer outros destinos de Turismo em Minas Gerais, confira esse artigo completo sobre os principais pontos do estado.

Wendell Soares
Wendell Soares
Wendell Soares é jornalista, pós graduado em Marketing Digital e apaixonado por música, literatura de terror, gatos e viagens. Nem sempre nessa ordem.

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